Os 3 verbos pós-tempestade


Há tempestades que vêm por bem, há tempestades que estão só de passagem, há tempestades que só causam danos, há tempestades que destroem, há tempestades que acalmam e há tempestades que trazem amor no banco do passageiro. Quando uma tempestade mora em ti há tempo a mais aprendes a coexistir com o caos. Tu já nem sequer desempacotas a bagagem porque sabes de antemão que assim que o fizeres, ela vai levar tudo pelo ar e porque é caprichosa, não te leva a ti. Podia-se dizer que eu estava de saída do amor, constantemente de malas aviadas: ao mínimo sinal de turbulência, eu já estava com um pé fora da porta e de caneta na mão, pronta para escrever mais um texto sobre como odiava que os sentimentos fossem efémeros quando eu não era. A minha consistência sempre foi uma bênção e uma maldição ao mesmo tempo, as pessoas hoje em dia não estão programadas para lidar com isso nem para o reconhecerem até deixarem de o ter. Menos tu, tu não és como eles. Raios, eu às vezes até duvido que sejas real. E eu que sou tão apoiante da igualdade totalitária não consigo imagina-los ao teu nível. Quase que soa a uma piada mal contada cada vez que tento. Quando apareceste, a tua tempestade acalmou a que estava à minha volta no momento em que colidiram, quando eu só esperava que se fundissem e dessem lugar a uma muito maior. Tens-me vindo a provar errada desde o dia em que nos conhecemos e eu nunca estive tão satisfeita por não estar certa, e tu melhor que ninguém sabes que isso é estranho, por ser a coisa que mais me dá prazer a seguir ao prazer que me sabes dar a mim. A tempestade que eu sou ainda perdura, mas tu fazes-me querer abrir a mala e deixar que me ajudes a arrumar o que trago dentro. E eu deixo que a dúvida me consuma: então e se eu não quiser mais ir embora? Mas não me movo. És o único que me faz vir, que me deixa voltar quando a tempestade começa e o único que me faz querer ficar.